quarta-feira, 5 de julho de 2017

Com o tempo.

As vezes o passar do tempo é menos que segundos
Que minutos, que horas.
Mas as vezes é no compasso do infinito, do universo, do intangível.
Eu não me deparei com meu tempo
Nem com o presente, nem com o passado, nem mesmo futuro.
Mas de uma forma ou de outra, 
Ele rodeava
Ele passava
Ele andava
Ele sorria
Ele chorava
E nessa mistura de tempo e de mim
O que restava era um começo, um recomeço
Uma história sem meio
Uma história de fim.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Movimento Inchamável

Nunca soube o quê ou o porquê escrevia, apenas escrevia, era algo assim, sem nome, mas que me aquecia. Diria, pois, ser algo inchamável.

O que fariam eles?

O que pensariam eles
Quando a noite fosse eterna
Fosse fria
Fosse mórbida?

O que diriam eles
Quando o inverno fosse trágico
Fosse frio
Fosse mórbido?

O que fariam eles
Quando o céu fosse escuro
Fosse frio
Fosse mórbido?

O que amariam eles
Quando a vida fosse morte
Fosse eterna,fria e mórbida,
Fossem eles?

Strings on Me

As cordas já laceavam a vida como se não a tivesse mais,
Cada suspiro,
Cada dor,
Cada silêncio.

E as cordas laceavam a alegria como se não a tivesse mais,
Cada lágrima,
Cada abraço,
Cada saudade.

E morte já não se laceava mais,
Desamarrada,
Desatando o nó que foi seu adeus,
Sua partida,
Seu nunca mais.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

P.L. Anos.

Chegou o tempo dos novos planos
dos novos enganos
dos novos sonhos.
Um tempo de se iludir,
Embebedar-se de esperanças
e 'ressaquiar-se' de desilusões.

Chegou aquele tempo de decisões
de dúvidas
de perguntas sem respostas
e respostas sem perguntas.
Um tempo de apenas sentir o que já não se sente,
Mas que ainda existe perdido nalgum infinito.

Chegou o tempo de dar tempo ao tempo
De parar as horas e viver os dias
Um tempo de dizer o que já foi dito
E de repetir o que nunca foi.

Chegou o tempo de ser o que já se é
De ser o que já se foi
E o que ainda será.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O encontro das Coisas

Hoje as coisas não tomavam seus corretos lugares
Suas devidas funções
Seus próprios objetivos.

Hoje as coisas não queriam mais sê-las
Não desejavam mais umas as outras
Não tinham mais ambições.

Hoje as coisas se perderam no caos
Em um paralelo de abstrações
De ledas ilusões.

Hoje as coisas não tinham mais sentimentos
Não eram alegres, nem tristes
Não eram sequer nada,
Pois o nada alguma coisa é.

Hoje as coisas eram monótonas
Desvairadas de uma falsa lucidez
Que lhes nutria a alma já escassa.

Hoje, no infeliz ou feliz momento
As coisas descobriram que eram seres humanos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Maria

Sempre naquele mesmo horário
Via-se Maria pela rua dos becos
Num caminhar um tanto quanto sonso,
tonto e cansado.
Mas lá, lá se via Maria
Sob o sol escaldante das tardes de domingo.
No mesmo caminhar daqueles passos
No compasso de quem procurava um coração.